quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A garotinha do leite

Era uma vez, uma garotinha muito pobre, cujo os pais haviam morrido. Ela não tinha irmãos, então morava num campo de margaridas, tinha uma vaca, e vendia o leite dela para os moradores de lá . Um dia, estava pegando leite para vender e ela avistou uma floresta e disse:
- Ah, será que essa floresta é um atalho para a vila ? Acho que vou por aqui, talvez eu chegue lá mais rápido e venda mais leite do que o normal.


E ela saiu cantarolando, feliz, com esperanças de que se fosse por aquele caminho verder o seu leite todo dia, talvez algum ano poderia ficar rica e comprar uma casa bem bonita:

" Uma menininha eu sou,
e leite vender eu vou !
Quanto mais rápido eu chegar lá,
com mais dinheiro eu vou ficar ! "

ENtrando na floresta, a garotinha percebeu que estava escura. Ela pensou que se os seus amigos estivessem lá com ela, ela não senteria medo, e estaria segura. Ela queria voltar e chamar eles, mas achou que se eles fossem, iam querer a metade do dinheiro que ela conseguisse por ter a acompanhado. Então, ela foi em frente.

De repente, uma fadinha apareceu em sua frente, que lhes disse:

- Ei, menininha do leite, o que está fazendo nessa floresta escura ?
- Eu vou vender leite lá na vila- respondeu- e aí, vou ganhar mais dinheiro, porque eu estou conseguindo um atalho por aqui.
- Mais dinheiro, hã ...?- Disse a fadinha- Por que tu não chamas seus amigos para lhes acompanhar ? Não é seguro andar por aqu sozinha, ainda mais uma menininha como você !
- Bobagem !-resmungou a leiteirinha- Eu sei o que tu queres. Queres o meu dinheiro ! Assim como os meus amigos cobrariam a metade do que eu conseguisse vendendo leite mais rápido, por terem acompanhado-me até a vila. Pois eu acho que aqui é muito seguro, só é escuro. E eu não vou deixar que meus amigos venham aqui !
- Tsc tsc...-Respondeu a fadinha- Eu acho que tu és muito gananciosa, menina. Tens muito o que aprender ainda. Pois então vá sozinha, sem segurança, mas se tu fores, lhes acontecerá uma coisa que não ias gostar, hein ?
- Humpf!- Resmungou a garotinha, sem entender- Eu acho que tu não és uma fada de verdade também ! Tu não sabes de nada desta floresta ! Adeus, vou continuar caminhando.

A leiteira pequenina seguiu o seu caminho. Ela tinha pensado em tudo em que a fadinha havia lhes falado, e ficou em dúvida. Será que deveria voltar e chamar seus amigos ? Ou deveria continuar ? "Bobagem-pensou ela- aposto que a fadinha está tirando sarro de mim, me enganando. Acho que ela estaria rindo de mim agora, se eu voltasse e chamasse meus amigos. Pois eu vou continuar, esta floresta é inocente!"

A garotinha do leite começou a temer. A floresta não parecia nada inocente. Ela olhava para o lado e para o outro, sem saber o que devia fazer. Então, ela tropeçou num tronco velho e podre derrubado no chão, no qual ela não tinha percebido a existência dele ali, e caiu com a perna num tipo de arbusto espinhoso.

- Raios!-disse ela- E essa agora? Minha perna está coberta de espinhos verdes! Está doendo !!! Eu ... devia ter escutado a fadinha ! E acho que meus amigos não cobrariam dinheiro nenhum, se tivessem me acompanhado ! Afinal, eles são meus amigos, e não um monte de interesseiros ! É, a fadinha estava mesmo certa, hein ? Tenho de pedir desculpas a ela depois ... Mas como me livro dessa ? Esta floresta é enorme, não tem atalho nenhum !

A menininha, sem condições de levantar, por conta dos espinhos de sua perna, ficou pensando no quanto foi uma má pessoa de pensar todas aquelas coisas ruins dos seus amigos e a fadinha. E pensou também no que ela foi capaz de fazer só para ter mais dinheiro. Ela estava errada, e finalmente reconheceu.

A menina do leite começou a chorar, por causa da dor da sua perna, e a dor que sentia no fundo de seu coraçãozinho. Ela fez isso por um bom tempo, e nada aconteceu. Ela continuou caída alí por horas.

Até que ela viu uma luz brilhante e rosa aparecendo. Era a fada ! Então, ela apareceu totalmente e lhes disse:

- Estou vendo o que lhes aconteceu, hein, garotinha ? Eu disse que uma coisa ruim ia acontecer contigo se não chamasse seus amigos para te proteger dessa entranha floresta !
- É ... me desculpe, ó, fada! Eu devia ter lhes escutado ! Me desculpe por duvidar de você e ter sido tão teimosa . E também estou triste porque achei aquelas coisas horríveis dos meu queridos amigos . Agora penso de verdade, e vejo que eles nunca fariam isso !
- Pois sim,-respondeu a fada- eu contei tudo isso a eles, então vai ter de pedir-lhes desculpas, pequenina, eles estão muito tristes contigo, hein ?
- Eu vou sim! -disse a pequena garota, entusiasmada- Mas... você pode far alguma coisa por mim? Eu machuquei a perna nos espinhos ali, e não consigo sair daqui, estou perdida ! Prometo que nunca mais farei uma coisa dessas de novo, e ainda vou vender meu leite como sempre vendi !
- Hum ...-pensou a fadinha rosa, por um instante- Tudo bem, então. Só porque você assumiu o seu erro! Mas nunca mais faça isso, hã ?
- Não mesmo! -disse a menininha contente- Obrigada por me perdoar !
- Pirlim pompim !- gritou a fada pequenina, sacudindo a varinha- Minha querida e mágica varinha, ao campo leves esta pequena garotinha !

Então, num piscar de olhos, a garotinha vendedora de leite apareceu no campo, e os seus amigos estavam em sua frente, com uma cara não muito boa.

- Ei ! A fada nos contou tudo- disse Lauren, uma das amigas- então, você é mesmo uma falsa, hã ?
-É !!!- disseram todos os outros- Ela é uma grande mentirosa !

A menina negou tudo, e disse o quanto estava errada, e se desculpou. Ela disse o quanto estava triste e envergonhada por pensar aquilo dos próprios amigos. Eles aceitaram as desculpas, e todos a abraçaram.

Depois, os seus amigos ajudaram a menininha que estava cansada a vender o seu leite rapidinho. Então, ela ficou com mais dinheiro do que antes e disse:
- Com a ajuda dos amigos, tudo fica mais bonito ! Consegui dinheiro de uma forma mais sincera ! Mas que dinheiro compra essa nossa amizade, hã ? É, obrigada, amigos por serem fiéis, comigo, uma coisa que eu não fui com vocês. Obrigada por me perdoarem e ainda me ajudarem a vender, o que eu achei que seria difícil para vocês. Obrigada, amigos por existirem. E o mais importante: Obrigada, amigos, por serem meus amigos !

Todos riram, e todos viveram felizes para sempre

sábado, 21 de novembro de 2009

O pequeno polegar

A história de sete irmãos a você vou contar. O caçula era chamado de Pequeno Polegar. Tão esperto e inteligente, com ele ninguém podia, até mesmo a força bruta como vencer ele sabia.


Era uma vez um lenhador que tinha sete filhos homens. O maior tinha doze anos, o caçula seis e se chamava Pequeno Polegar. Ele era muito pequenino. Quando nasceu tinha o tamanho de um dedo polegar, por isso lhe deram esse nome. O Pequeno Polegar não falava muito, mas em compensação sua cabecinha não parava de pensar.

Embora fosse o menorzinho. ele era o mais esperto dos irmãos. O lenhador era muito pobre e não tinha meio de sustentar os sete filhos. Por isso combinou com a mulher levá-los para a floresta e deixá-los lá, pois diziam que havia um gênio que cuidava das crianças que se perdiam no mato.

O Pequeno Polegar, escondido debaixo do banco, ouviu a conversa. Como gostava muito dos pais, não queria ficar longe deles. Quando todos dormiam, saiu bem quietinho e foi ao riacho que passava perto da casa e recolheu uma porção de pedrinhas brancas. Na manhã seguinte toda a família do lenhador saiu para cortar lenha no mato. Enquanto andava, o Pequeno Polegar foi deixando cair as pedrinhas brancas, para marcar o caminho.

Os irmãos do Pequeno Polegar trabalhavam animados cortando lenha. Enquanto isso, o lenhador e a mulher, se afastaram silenciosamente sem que os filhos percebessem. Em seguida voltaram para casa por um caminho desconhecido das crianças. Horas depois, os irmãos deram pela falta dos pais.

- Eles devem voltar logo, - disse um dos meninos. - Decerto foram recolher lenha mais adiante.

A tardinha, como os pais não apareceram, os meninos ficaram muito assustados:

- Que faremos sozinhos aqui no mato?

- Não tenham medo - disse o Pequeno Polegar. - Venham comigo. Eu os levarei de volta para casa.

- Você? Ora, o menorzinho de todos... Como vai conseguir isso? Nenhum de nós conhece o caminho de volta!


- Não se preocupem. Vocês vão ver como chegaremos em casa.

Seguindo as pedrinhas brancas, o Pequeno Polegar conduziu os irmãos para casa, sem errar o caminho.

Quando o lenhador e a mulher viram os meninos de volta, decidiram levá-los novamente ao mato no dia seguinte. O Pequeno Polegar, também desta vez, ouviu a conversa dos pais. Tratou de ir recolher pedrinhas brancas no riacho... mas não pode sair de casa. A porta estava fechada com um cadeado tão grande e pesado, que ele não conseguiu abrir.

Assim, naquela tarde, os sete meninos não conseguiram encontrar o caminho de volta para casa e se perderam no mato.

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O pior foi que começou a chover, uma chuva forte que logo deixou as crianças molhadinhas.

O Pequeno Polegar subiu numa árvore para ver se avistava a casa dos pais, à luz dos relâmpagos.

Depois de muito olhar em todas as direções, o Pequeno Polegar viu, ao longe, uma enorme casa.

- Parece um castelo - disse ele aos irmãos. - É, escuro e feio, mas . . . não vejo nenhum outro abrigo!

O menino desceu da árvore e os sete irmãos se dirigiram ao casarão que ele avistara lá de cima.

Naquela casa morava um gigante feiticeiro. Quando os irmãos bateram à porta, a mulher dele veio abrir.

- Oh! Sete meninos! Deus meu, aqui mora um gigante feiticeiro! Se ele vê vocês, come todos num só bocado! Vão embora, depressa!

- Mas estamos com frio... Está chovendo tanto! - suplicou o Pequeno Polegar.

A mulher do feiticeiro ficou com pena dos meninos e mandou-os entrar.

- Venham secar as roupas aqui perto do fogo.

Meu marido não está em casa e talvez demore um pouco para voltar.

Os meninos agradeceram e entraram. Mas nem tinham ainda acabado de secar as roupas e o feiticeiro bateu à porta:

"Quatro batidas acabo de dar, estou com fome e todo molhado. Abre mulher, quero me enxugar e um carneiro inteiro comer assado."

Mais que depressa, a mulher escondeu as crianças embaixo das camas.

- Fiquem quietinhos, não façam barulho, - recomendou ela.

O feiticeiro entrou, e. . .



Depois do jantar, o gigante ordenou que a mulher vestisse um gorro em cada menino e pusesse todos na cama para dormirem.

- Mas, onde? - perguntou a mulher. - Não temos quarto desocupado!

- Ora, ponha-os no quarto de minhas queridas filhas - respondeu ele.

O gigante feiticeiro tinha sete filhas ainda pequenas. Não eram bonitas. Todas dentuças, como o pai. Mas justamente por serem parecidas com ele, o gigante as achava lindas e fazia questão de que se vestissem muito bem. Queria que as filhas parecessem princesas, por isso elas usavam coroas na cabeça. Não as tiravam nem para dormir!




O Pequeno Polegar, muito esperto, prestou atenção às coroinhas e ficou pensando no assunto. Quando todos estavam dormindo, ele levantou bem quietinho e trocou as coroas das meninas pelos gorros de seus irmãos.

- Em feiticeiro não se pode confiar. - pensava ele. - Finge de bom, mas...

As suspeitas do Pequeno Polegar eram justas. Quando bateu meia noite, o gigante entrou no quarto. Pretendia degolar os meninos para comê-los no dia seguinte. Tocou com as mãos a cabeça deles, sentiu as coroas e pensou que fossem suas filhas. Passou para outra cama, sentiu os gorros, mas, para certificar-se, passou a mão sobre a boca das meninas e ...

- Ora, estas são minhas lindas filhas dentuças! - gritou ele, já zangado e voltou-se para a cama dos meninos: - Vocês fizeram uma troca, seus malandros! Mas não me escapam!

Os meninos já tinham acordado com o barulho. Mais que depressa saltaram da cama e saíram correndo.

Como os meninos eram muitos, o gigante se atrapalhou e antes que pudesse pegá-los, todos já tinham fugido. O gigante feiticeiro correu atrás deles, mas os meninos eram muito espertos e ele sempre os perdia de vista, porque era noite e estava escuro. Cansado o gigante acabou dormindo ali mesmo no campo. Os sete meninos aproveitaram a oportunidade: pularam o muro de uma casa velha e se esconderam lá dentro.

O gigante estava com sono, porque naquela noite não tinha dormido. Quando acordou, não viu nenhum sinal dos meninos. Ficou furioso e praguejou:

Maldito sono, que me derruba quando mais preciso estar acordado! Aqueles magricelas sumiram! Mas não há de ser nada: volto para casa, calço minhas botas de sete léguas e percorro toda a região. Eles não poderão escapar!

O gigante foi para casa e calçou suas botas de sete léguas.

Depois saiu furioso por ter perdido a pista dos meninos. Corria subindo montanhas e atravessando rios com a maior rapidez. Com aquelas botas mágicas, a cada passo que dava, andava sete léguas! O gigante percorreu todos os campos, vales e montanhas do lugar.

Olhava em todos os cantos, atras de cada árvore, de cada pedra, até debaixo da ponte ele procurou os meninos.


Mas não conseguiu encontrá-los, porque dentro das casas, que não eram dele, o gigante não podia entrar. Ele correu durante várias horas, até que não aguentou mais. Exausto, caiu no chão, bem perto da casa onde os sete meninos estavam escondidos. Daí a pouco o gigante dormiu tão profundamente, que roncou alto. O Pequeno Polegar ouviu e devagarinho, bem quietinho, saiu do esconderijo e aproximou-se dele.

O Pequeno Polegar, calçando as botas de sete léguas, com dois passos chegou à casa do gigante. Bateu à porta e a mulher veio abrir.

- Depressa! - disse ele. - Seu marido foi aprisionado por um bando de malfeitores. Eles querem ouro e pedras preciosas para o resgate. O gigante mandou-me buscar o tesouro que está escondido aqui. Por isso deu-me as botas dele, está vendo? Se eu não levar o tesouro bem depressa, os malfeitores o matarão.

Vendo que o menino estava mesmo com as botas de sete léguas, a mulher acreditou e lhe deu o tesouro dentro de uma sacola.


Pra casa ele vai, de botas sete léguas. Salta e não cai levando os irmãos.

Pelos campos ele vai, por cidades a passar, corre e não cai nosso Pequeno Polegar.

Quando o Pequeno Polegar e seus irmãos chegaram em casa levando toda aquela riqueza, seus pais o receberam com grande alegria.

- O gênio da floresta devolveu nossos filhos com uma fortuna! Que bom! Agora vamos viver sempre juntos e muito felizes.

"Graças à esperteza do Pequeno Polegar, foi vencida a malvadeza e voltaram para o lar."

"Com o tesouro trazido vivem agora em paz. Polegar muito sabido continua um bom rapaz."

Charles Perrault

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

As doze princesas





Era uma vez um rei que tinha doze belas filhas. Dormiam em doze camas, todas no mesmo quarto, e quando iam para a cama, as portas eram trancadas. Contudo, todas as manhãs os seus sapatos apareciam usados, como se tivessem estado a dançar a noite inteira. Ninguém conseguia perceber o que tinha acontecido, ou onde tinham estado as princesas.
Então o rei fez saber em toda a terra que se alguém descobrisse o segredo e soubesse onde tinham estado a dançar as princesas durante a noite, poderia escolher aquela que gostasse mais para ser a sua mulher, e seria rei após a sua morte. Mas aqueles que tentassem e não o conseguissem, após três dias e três noites, seriam mortos.
O filho de um outro rei apareceu rapidamente. Foi bem entretido e ao anoitecer foi levado ao quarto junto a aquele onde as princesas se deitavam nas suas doze camas. Lá ele devia ficar sentado e ver onde é que elas iam dançar; e, para que nada acontecesse sem que ele ouvisse, a porta do seu quarto foi deixada aberta. Mas o filho do rei rapidamente adormeceu; e quando acordou na manhã seguinte viu que as princesas tinham estado todas a dançar, pois os sapatos estavam cheios de buracos.
O mesmo aconteceu na segunda e na terceira noite e por isso o rei mandou que lhe cortassem a cabeça.
Depois dele vieram muitos outros; mas todos eles tiveram a mesma sorte, e todos perderam a vida da mesma forma.
Então aconteceu que um velho soldado, que tinha sido ferido em batalha e já não podia lutar mais, passou pelo país onde este rei reinava e, enquanto viajava pela floresta, encontrou uma velhota, que lhe perguntou onde ia.
'Não sei onde vou, ou o que devia fazer', disse o soldado;'mas acho que gostava de saber onde é que as princesas dançam, e assim no seu tempo, podia chegar a ser rei'.
'Bem', disse a velhota, 'isso não é uma tarefa muito difícil: simplesmente tens de ter cuidado e não beber do vinho que uma das princesas te dará ao final da tarde; e mal ela te deixe, finge que adormeces'.

Então ela deu-lhe uma capa e disse 'Mal vistas isso, tornar-te-ás invisível, e poderás então seguir as princesas onde quer que vão'. Quando o soldado ouviu estes conselhos, ficou determinado a tentar a sua sorte, e por isso foi ter com o rei, e disse que estava disposto a desempenhar a tarefa.
Ele foi tão bem recebido como os outros tinham sido, e o rei ordenou que lhe dessem finos robes; e quando a noite chegou, ele foi levado ao seu quarto.
Justo quando se estava a deitar, a mais velha das princesas levou-lhe um copo de vinho, mas o soldado deitou-o fora segredamente, com cuidado de não beber nem uma gota. Então deitou-se na cama e passado um bocado, começou a ressonar alto, como se estivesse a dormir.
Quando as doze princesas ouviram isto, riram-se com força; e a mais velha disse, 'Este sujeito também podia ter feito algo melhor do que perder a sua vida desta forma!'. Então elas levantaram-se e abriram as gavetas e caixas, e tiraram as suas melhores roupas, e vestiram-se ao espelho, e começaram a saltitar como se estivessem ansiosas de começar a dançar.
Mas a mais nova disse, 'Não sei porque, mas enquanto vocês estão tão contentes, eu sinto-me inquieta; estou certa de que algo de errado nos vai acontecer.'
'Tens sempre medo', disse a mais velha,'já te esqueceste de quantos filhos de reis nos vigiaram em vão? Quanto a este soldado, mesmo que eu não lhe tivesse dado a sua droga para adormecer, teria adormecido na mesma'.
Quando estavam todas prontas, saíram e olharam para o soldado; mas ele continuava a ressonar e não mexeu nem mão nem pé: para que elas pensassem que estavam seguras.
Então a mais velha foi para a sua própria cama e bateu palmas, e a cama afundou-se no chão e uma porta oculta abriu-se. O soldado viu-as descer pela porta uma atrás da outra, com a mais velha a indicar o caminho; e pensando que não tinha tempo a perder, saltou da cama, vestiu a capa que a velhota tinha dado, e seguiu-as.
Contudo, a meio das escadas, ele pissou o vestido da princesa mais nova e ela gritou para as irmãs 'Nada está bem; alguém prendeu o meu vestido'.

'Criatura tonta!' disse a mais velha, 'não é nada a não ser um prego na parade'.
Continuaram a descer, e em baixo, encontraram-se na mais encantadora clareira de árvores; e as folhas eram todas de prata e brilhavam belíssimamente. O soldado desejou levar algumas de volta, por isso partiu um pequeno ramo, e então veio um forte ruido da árvore. Então a irmã mais nova disse de novo. 'Estou certa de que nada está bem - não ouviram esse barulho? Isso nunca aconteceu antes'.
E a mais velha respondeu, 'São só os nossos príncipes, que gritam de alegria porque estamos a chegar'.
Foram para outra clareira, onde todas as folhas eram de ouro; e depois para uma terceira, onde as folhas eram de diamantes brilhantes. E o soldado quebrou um ramo de cada uma; e todas as vezes fazia um grande barulho, que fazia a irmã mais nova tremer de medo. Mas a mais velha ainda dizia que eram apenas os príncipes, a chorar de alegria.
Continuaram a andar até que chegaram a um grande lago; e ao pé deste esperavam doze pequenos barcos com doze belos príncipes neles, que pareciam estar à espera das princesas.
Cada uma delas entrou no seu barco, e o soldado entrou no mesmo da mais nova.. Enquanto remavam sobre o lago, o príncipe que estava no barco com a princesa mais nova e o soldado disse, 'Não sei porquê, mas apesar de estar a remar com todas as minhas forças, não nos mexemos tão rápido como normalmente, e eu estou um pouco cansado: o barco parece muito pesado hoje'.
'Deve ser do calor que está', disse a princesa, 'Eu também estou muito quente'.
No outro lado do lago levantava-se um belo castelo iluminado, de onde vinha música alegre de cornos e trombetas. Todos chegaram a terra e foram para o castelo, e cada príncipe dançou com a sua princesa; e o soldado, que continuava invisível,
também dançou com elas. Quando qualquer delas deixava um copo de vinho
ao seu lado, ele bebia-o todo, para que quando voltassem a levar o copo aos lábios, estivesse vazio. Com isto, também, a irmã mais nova ficava terrivelmente assustada, mas a mais velha sempre a calava.

Dançaram até as três da manhã, deixando os sapatos tão gastos que eram obrigadas a ir-se embora. Os príncipes remavam de volta sobre o lago (mas desta vez o soldado colocou-se no barco da irmã mais velha), e na costa oposta, despediam-se, prometendo voltar de novo na noite seguinte.
Quando subiram as escadas, o soldado correu à frente delas e deitou-se na cama. E assim que as doze cansadas irmãs apareciam lentamente, ouviram-no ressonar na sua cama e disseram, 'Agora tudo está a salvo'. Então tiravam a roupa, guardavam os vestidos, tiravam os sapatos, e iam para a cama.
Na manhã o soldado não disse nada sobre o que tinha acontecido, mas decidiu ver mais desta estranha aventura e voltou de novo na segunda e terceira noite. Tudo aconteceu tal como antes: as princesas dançavam até não poder mais e depois voltavam a casa. Na terceira noite o soldado levou um dos copos de ouro como lembrança de onde tinha estado.
Assim que a hora chegou em que tinha de contar o segredo, foi levado perante o rei com os três ramos e o copo de ouro; e as doze princesas ficaram por trás da porta para ouvir o que ele dizia.
O rei perguntou-lhe, 'Onde é que dançam as minhas doze filhas à noite?'
O soldado respondeu, 'Com doze príncipes num castelo subterrâneo'. E então contou ao rei tudo o que tinha acontecido, e mostrou-lhe os três ramos e o copo de ouro que tinha trazido com ele.
O rei chamou as princesas e perguntou-lhes se o que o soldado dissera era verdade e quando elas viram que tinham sido descobertas e não valia a pena negar o que tinha acontecido, condessaram tudo.
Então o rei perguntou ao soldado qual das princesas escolhia para ser a sua mulher; e ele respondeu, 'Não sou muito novo, por isso fico com a mais velha' -- e casaram no mesmo dia, e o soldado foi eleito herdeiro do rei.

A pequena vendedora de fósforos

Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.

Contos, fabulas e historinhas: A Pequena Vendedora de Fósforos

Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha...
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.
"Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
- Vovó! - exclamou a criança.
- Oh! leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.
O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano­ novo.

Contos, fabulas e historinhas: A Pequena Vendedora de Fósforos

Cachinhos dourados

Era uma vez, uma família de ursinhos; o Pai Urso, a Mãe Urso e o Pequeno Urso. Os três moravam numa bela casinha, bem no meio da floresta.
O Papai Urso, o maior dos três, era também o mais forte, muito corajoso e tinha uma voz bem grossa. A Mamãe Urso era um pouco menor, era gentil e delicada e tinha uma voz meiga. O Pequeno Urso era o menorzinho, muito curioso e sua voz era fininha.
Certa manhã, ao se levantarem, Mamãe Urso fez um delicioso mingau, como era de costume. Porém, o mingau estava muito quente.
Sendo assim, mamãe Urso propôs que fossem dar uma voltinha junta pela floresta, enquanto o mingau esfriava.
E assim fizeram. Mamãe Urso deixou o mingau em suas tigelinhas, esfriando em cima da mesa e os três ursos saíram pela floresta.
Enquanto eles estavam fora, apareceu por ali uma menina de cabelos loiros cacheados, era conhecida como Cachinhos Dourados. Ela morava do outro lado da floresta, num vilarejo, e tinha o mau hábito de sair de casa sem avisar seus pais.
Quando se aproximou da casinha dos ursos, já muito cansada de tanto andar, resolveu bater na porta.
Bateu, bateu, mas ninguém respondeu.
Assim, ao perceber que a porta estava apenas encostada, resolveu entrar.
Ao entrar, se deparou com uma mesa forrada com uma bela toalha xadrez e em cima da mesa havia três tigelinhas de mingau.
Como estava com muita fome, e não viu ninguém na casa, resolveu provar a iguaria.
Provou, então, o mingau da tigela maior, mas achou-o muito quente.
Provou o da tigela do meio e achou-o muito frio.
Provou o mingau da tigelinha menor e achou-o delicioso, não resistiu e comeu-o todo.
Após comer o mingau, Cachinhos Dourados foi em direção à sala. Lá encontrou três cadeiras, como estava muito cansada, resolveu sentar-se.
Achou a primeira cadeira muito grande e levantou-se a seguir.
Sentou-se, então, na cadeira do meio, mas achou-a desconfortável e ainda grande demais.
Sentou-se na cadeirinha menor e achou-a muito confortável e num bom tamanho. Porém, sentou-se tão desajeitadamente que a quebrou.
Ainda cansada, Cachinhos Dourados resolveu subir às escadas.
Encontrou um quarto com três caminhas, uma grande, uma média e uma pequena.
Tentou deitar-se na cama maior, mas achou-a muito dura. Deitou-se na do meio e achou-a macia demais. Deitou-se na menor e achou-a muito boa. Estava tão cansada que não resistiu e acabou pegando no sono.
Enquanto ela dormia, os ursinhos voltaram do passeio. Foram logo à cozinha para tomar o mingau, que era o café da manhã. Estranharam a porta aberta, e logo perceberam que alguém havia estado ali.
__Alguém mexeu no meu mingau! - rosnou o Papai Urso.
__Alguém comeu do meu mingau! – disse brava a Mamãe Urso.
__ Alguém comeu todo o meu mingau! –gritou o Pequeno Urso.
Os três ursos se dirigiram para a sala. Papai Urso olhou para sua cadeira e exclamou:
__ Alguém sentou na minha cadeira!
Mamãe Urso, com sua voz, já não tão meiga, reclamou:
__ Alguém também sentou na minha cadeira!
O Pequeno Urso, chorando, queixou-se:
__ Alguém quebrou a minha cadeirinha!
Os três subiram as escadas, e foram em direção ao quarto.
Papai Urso olhou para sua cama e perguntou:
__ Quem deitou na minha cama?
Mamãe Urso olhou para sua cama e disse:
__Alguém esteve deitado na minha cama e deixou-a bagunçada!
O Pequeno Urso, muito bravo, gritou:
__Alguém está deitado na minha caminha!
Cachinhos Dourados acordou com o grito de Pequeno Urso.
Ficou muito assustada ao ver os três ursos bravos olhando para ela.
Seu susto foi tão grande que em um só pulo saiu da cama e já estava descendo as escadas. Mal deu tempo para que os ursos piscassem os olhos. Num segundo pulo, Cachinhos Dourados pulou a janela e saiu correndo pela floresta, rápida como o pensamento.
Depois desse enorme susto a menina aprendeu a lição, nunca mais fugiu de casa, muito menos entrou em casa de ninguém sem ser convidada.

Contos, fabulas e historinhas: Cachinhos Dourados e os Três Ursos



O soldadinho de chumbo

Numa loja de brinquedos havia uma caixa de papelão com vinte e cinco soldadinhos de chumbo, todos iguaizinhos, pois haviam sido feitos com o mesmo molde. Apenas um deles era perneta: como fora o último a ser fundido, faltou chumbo para completar a outra perna. Mas o soldadinho perneta logo aprendeu a ficar em pé sobre a única perna e não fazia feio ao lado dos irmãos.
Esses soldadinhos de chumbo eram muito bonitos e elegantes, cada qual com seu fuzil ao ombro, a túnica escarlate, calça azul e uma bela pluma no chapéu. Além disso, tinham feições de soldados corajosos e cumpridores do dever.
Os valorosos soldadinhos de chumbo aguardavam o momento em que passariam a pertencer a algum menino.
Chegou o dia em que a caixa foi dada de presente de aniversário a um garoto. Foi o presente de que ele mais gostou:
— Que lindos soldadinhos! — exclamou maravilhado.
E os colocou enfileirados sobre a mesa, ao lado dos outros brinquedos. O soldadinho de uma perna só era o último da fileira.
Ao lado do pelotão de chumbo se erguia um lindo castelo de papelão, um bosque de árvores verdinhas e, em frente, havia um pequeno lago feito de um pedaço de espelho.
A maior beleza, porém, era uma jovem que estava em pé na porta do castelo. Ela também era de papel, mas vestia uma saia de tule bem franzida e uma blusa bem justa. Seu lindo rostinho era emoldurado por longos cabelos negros, presos por uma tiara enfeitada com uma pequenina pedra azul.
A atraente jovem era uma bailarina, por isso mantinha os braços erguidos em arco sobre a cabeça. Com uma das pernas dobrada para trás, tão dobrada, mas tão dobrada, que acabava escondida pela saia de tule.
O soldadinho a olhou longamente e logo se apaixonou, e pensando que, tal como ele, aquela jovem tão linda tivesse uma perna só.
“Mas é claro que ela não vai me querer para marido”, pensou entristecido o soldadinho, suspirando.
“Tão elegante, tão bonita… Deve ser uma princesa. E eu? Nem cabo sou, vivo numa caixa de papelão, junto com meus vinte e quatro irmãos”.
À noite, antes de deitar, o menino guardou os soldadinhos na caixa, mas não percebeu que aquele de uma perna só caíra atrás de uma grande cigarreira.
Quando os ponteiros do relógio marcaram meia-noite, todos os brinquedos se animaram e começaram a aprontar mil e uma. Uma enorme bagunça!
As bonecas organizaram um baile, enquanto o giz da lousa desenhava bonequinhos nas paredes. Os soldadinhos de chumbo, fechados na caixa, golpeavam a tampa para sair e participar da festa, mas continuavam prisioneiros.
Mas o soldadinho de uma perna só e a bailarina não saíram do lugar em que haviam sido colocados.

Contos, fabulas e historinhas: O Soldadinho de Chumbo

Ele não conseguia parar de olhar aquela maravilhosa criatura. Queria ao menos tentar conhecê-la, para ficarem amigos.
De repente, se ergueu da cigarreira um homenzinho muito mal-encarado. Era um gênio ruim, que só vivia pensando em maldades.
Assim que ele apareceu, todos os brinquedos pararam amedrontados, pois já sabiam de quem se tratava.
O geniozinho olhou a sua volta e viu o soldadinho, deitado atrás da cigarreira.
— Ei, você aí, por que não está na caixa, com seus irmãos? — gritou o monstrinho.
Fingindo não escutar, o soldadinho continuou imóvel, sem desviar os olhos da bailarina.
— Amanhã vou dar um jeito em você, você vai ver! - gritou o geniozinho enfezado.
Depois disso, pulou de cabeça na cigarreira, levantando uma nuvem que fez todos espirrarem.
Na manhã seguinte, o menino tirou os soldadinhos de chumbo da caixa, recolheu aquele de uma perna só, que estava caído atrás da cigarreira, e os arrumou perto da janela.
O soldadinho de uma perna só, como de costume, era o último da fila.
De repente, a janela se abriu, batendo fortemente as venezianas. Teria sido o vento, ou o geniozinho maldoso?
E o pobre soldadinho caiu de cabeça na rua.
O menino viu quando o brinquedo caiu pela janela e foi correndo procurá-lo na rua. Mas não o encontrou. Logo se consolou: afinal, tinha ainda os outros soldadinhos, e todos com duas pernas.
Para piorar a situação, caiu um verdadeiro temporal.
Quando a tempestade foi cessando, e o céu limpou um pouco, chegaram dois moleques. Eles se divertiam, pisando com os pés descalços nas poças de água.
Um deles viu o soldadinho de chumbo e exclamou:
— Olhe! Um soldadinho! Será que alguém jogou fora porque ele está quebrado?
— É, está um pouco amassado. Deve ter vindo com a enxurrada.
— Não, ele está só um pouco sujo.
— O que nós vamos fazer com um soldadinho só? Precisaríamos pelo menos meia dúzia, para organizar uma batalha.
— Sabe de uma coisa? — Disse o primeiro garoto. —Vamos colocá-lo num barco e mandá-lo dar a volta ao mundo.
E assim foi. Construíram um barquinho com uma folha de jornal, colocaram o soldadinho dentro dele e soltaram o barco para navegar na água que corria pela sarjeta.
Apoiado em sua única perna, com o fuzil ao ombro, o soldadinho de chumbo procurava manter o equilíbrio.
O barquinho dava saltos e esbarrões na água lamacenta, acompanhado pelos olhares dos dois moleques que, entusiasmados com a nova brincadeira, corriam pela calçada ao lado.
Lá pelas tantas, o barquinho foi jogado para dentro de um bueiro e continuou seu caminho, agora subterrâneo, em uma imensa escuridão. Com o coração batendo fortemente, o soldadinho voltava todos seus pensamentos para a bailarina, que talvez nunca mais pudesse ver.
De repente, viu chegar em sua direção um enorme rato de esgoto, olhos fosforescente e um horrível rabo fino e comprido, que foi logo perguntando:
— Você tem autorização para navegar? Então? Ande, mostre-a logo, sem discutir.
O soldadinho não respondeu, e o barquinho continuou seu incerto caminho, arrastado pela correnteza. Os gritos do rato do esgoto exigindo a autorização foram ficando cada vez mais distantes.
Enfim, o soldadinho viu ao longe uma luz, e respirou aliviado; aquela viagem no escuro não o agradava nem um pouco. Mal sabia ele que, infelizmente, seus problemas não haviam acabado.
A água do esgoto chegara a um rio, com um grande salto; rapidamente, as águas agitadas viraram o frágil barquinho de papel.
O barquinho virou, e o soldadinho de chumbo afundou.
Mal tinha chegado ao fundo, apareceu um enorme peixe que, abrindo a boca, engoliu-o.
O soldadinho se viu novamente numa imensa escuridão, espremido no estômago do peixe. E não deixava de pensar em sua amada: “O que estará fazendo agora sua linda bailarina? Será que ainda se lembra de mim?”.
E, se não fosse tão destemido, teria chorado lágrimas de chumbo, pois seu coração sofria de paixão.
Passou-se muito tempo — quem poderia dizer quanto?
E, de repente, a escuridão desapareceu e ele ouviu quando falavam:
— Olhe! O soldadinho de chumbo que caiu da janela!
Sabem o que aconteceu? O peixe havia sido fisgado por um pescador, levado ao mercado e vendido a uma cozinheira. E, por cúmulo da coincidência, não era qualquer cozinheira, mas sim a que trabalhava na casa do menino que ganhara o soldadinho no aniversário.
Ao limpar o peixe, a cozinheira encontrara dentro dele o soldadinho, do qual se lembrava muito bem, por causa daquela única perna.
Levou-o para o garotinho, que fez a maior festa ao revê-lo. Lavou-o com água e sabão, para tirar o fedor de peixe, e endireitou a ponta do fuzil, que amassara um pouco durante aquela aventura.
Limpinho e lustroso, o soldadinho foi colocado sobre a mesma mesa em que estava antes de voar pela janela. Nada estava mudado. O castelo de papel, o pequeno bosque de árvores muito verdes, o lago reluzente feito de espelho. E, na porta do castelo, lá estava ela, a bailarina: sobre uma perna só, com os braços erguidos acima da cabeça, mais bela do que nunca.
O soldadinho olhou para a bailarina, ainda mais apaixonado, ela olhou para ele, mas não trocaram palavra alguma. Ele desejava conversar, mas não ousava. Sentia-se feliz apenas por estar novamente perto dela e poder amá-la.
Se pudesse, ele contaria toda sua aventura; com certeza a linda bailarina iria apreciar sua coragem. Quem sabe, até se casaria com ele…
Enquanto o soldadinho pensava em tudo isso, o garotinho brincava tranqüilo com o pião.
De repente como foi, como não foi — é caso de se pensar se o geniozinho ruim da cigarreira não metera seu nariz —, o garotinho agarrou o soldadinho de chumbo e atirou-o na lareira, onde o fogo ardia intensamente.
O pobre soldadinho viu a luz intensa e sentiu um forte calor. A única perna estava amolecendo e a ponta do fuzil envergava para o lado. As belas cores do uniforme, o vermelho escarlate da túnica e o azul da calça perdiam suas tonalidades.
O soldadinho lançou um último olhar para a bailarina, que retribuiu com silêncio e tristeza. Ele sentiu então que seu coração de chumbo começava a derreter — não só pelo calor, mas principalmente pelo amor que ardia nele.
Naquele momento, a porta escancarou-se com violência, e uma rajada de vento fez voar a bailarina de papel diretamente para a lareira, bem junto ao soldadinho. Bastou uma labareda e ela desapareceu. O soldadinho também se dissolveu completamente.
No dia seguinte. a arrumadeira, ao limpar a lareira, encontrou no meio das cinzas um pequenino coração de chumbo: era tudo que restara do soldadinho, fiel até o último instante ao seu grande amor.
Da pequena bailarina de papel só restou a minúscula pedra azul da tiara, que antes brilhava em seus longos cabelos negros.

Contos, fabulas e historinhas: O Soldadinho de Chumbo

Os três porquinhos

Era uma vez, na época em que os animais falavam, três porquinhos que viviam felizes e despreocupados na casa da mãe.
A mãe era ótima, cozinhava, passava e fazia tudo pelos filhos. Porém, dois dos filhos não a ajudavam em nada e o terceiro sofria em ver sua mãe trabalhando sem parar.
Certo dia, a mãe chamou os porquinhos e disse:
__Queridos filhos, vocês já estão bem crescidos. Já é hora de terem mais responsabilidades para isso, é bom morarem sozinhos.
A mãe então preparou um lanche reforçado para seus filhos e dividiu entre os três suas economias para que pudessem comprar material e construírem uma casa.
Estava um bonito dia, ensolarado e brilhante. A mãe porca despediu-se dos seus filhos:
__Cuidem-se! Sejam sempre unidos! - desejou a mãe.
Os três porquinhos, então, partiram pela floresta em busca de um bom lugar para construírem a casa. Porém, no caminho começaram a discordar com relação ao material que usariam para construir o novo lar.
Cada porquinho queria usar um material diferente.
O primeiro porquinho, um dos preguiçosos foi logo dizendo:
__ Não quero ter muito trabalho! Dá para construir uma boa casa com um monte de palha e ainda sobra dinheiro para comprar outras coisas.
O porquinho mais sábio advertiu:
__ Uma casa de palha não é nada segura.
O outro porquinho preguiçoso, o irmão do meio, também deu seu palpite:
__ Prefiro uma casa de madeira, é mais resistente e muito prática. Quero ter muito tempo para descansar e brincar.
__ Uma casa toda de madeira também não é segura - comentou o mais velho- Como você vai se proteger do frio? E se um lobo aparecer, como vai se proteger?
__ Eu nunca vi um lobo por essas bandas e, se fizer frio, acendo uma fogueira para me aquecer! - respondeu o irmão do meio- E você, o que pretende fazer, vai brincar conosco depois da construção da casa?

Contos, fabulas e historinhas: Os  Três Porquinhos

__Já que cada um vai fazer uma casa, eu farei uma casa de tijolos, que é resistente. Só quando acabar é que poderei brincar. – Respondeu o mais velho.
O porquinho mais velho, o trabalhador, pensava na segurança e no conforto do novo lar.
Os irmãos mais novos preocupavam-se em não gastar tempo trabalhando.
__Não vamos enfrentar nenhum perigo para ter a necessidade de construir uma casa resistente. - Disse um dos preguiçosos.
Cada porquinho escolheu um canto da floresta para construir as respectivas casas. Contudo, as casas seriam próximas.
O Porquinho da casa de palha, comprou a palha e em poucos minutos construiu sua morada. Já estava descansando quando o irmão do meio, que havia construído a casa de madeira chegou chamando-o para ir ver a sua casa.
Ainda era manhã quando os dois porquinhos se dirigiram para a casa do porquinho mais velho, que construía com tijolos sua morada.
__Nossa! Você ainda não acabou! Não está nem na metade! Nós agora vamos almoçar e depois brincar. – disse irônico, o porquinho do meio.
O porquinho mais velho porém não ligou para os comentários, nem par a as risadinhas, continuou a trabalhar, preparava o cimento e montava as paredes de tijolos. Após três dias de trabalho intenso, a casa de tijolos estava pronta, e era linda!
Os dias foram passando, até que um lobo percebeu que havia porquinhos morando naquela parte da floresta. O Lobo sentiu sua barriga roncar de fome, só pensava em comer os porquinhos.
Foi então bater na porta do porquinho mais novo, o da casa de palha. O porquinho antes de abrir a porta olhou pela janela e avistando o lobo começou a tremer de medo.
O Lobo bateu mais uma vez, o porquinho então, resolveu tentar intimidar o lobo:
__ Vá embora! Só abrirei a porta para o meu pai, o grande leão!- mentiu o porquinho cheio de medo.
__ Leão é? Não sabia que leão era pai de porquinho. Abra já essa porta. – Disse o lobo com um grito assustador.
O porquinho continuou quieto, tremendo de medo.
__Se você não abrir por bem, abrirei à força. Eu ou soprar, vou soprar muito forte e sua casa irá voar.
O porquinho ficou desesperado, mas continuou resistindo. Até que o lobo soprou um a vez e nada aconteceu, soprou novamente e da palha da casinha nada restou, a casa voou pelos ares. O porquinho desesperado correu em direção à casinha de madeira do seu irmão.
O lobo correu atrás.
Chagando lá, o irmão do meio estava sentado na varanda da casinha.
__Corre, corre entra dentro da casa! O lobo vem vindo! – gritou desesperado, correndo o porquinho mais novo.
Os dois porquinhos entraram bem a tempo na casa, o lobo chegou logo atrás batendo com força na porta.
Os porquinhos tremiam de medo. O lobo então bateu na porta dizendo:
__Porquinhos, deixem eu entrar só um pouquinho! __ De forma alguma Seu Lobo, vá embora e nos deixe em paz.- disseram os porquinhos.
__ Então eu vou soprar e soprar e farei a casinha voar. O lobo então furioso e esfomeado, encheu o peito de ar e soprou forte a casinha de madeira que não agüentou e caiu.
Os porquinhos aproveitaram a falta de fôlego do lobo e correram para a casinha do irmão mais velho.
Chegando lá pediram ajuda ao mesmo.
__Entrem, deixem esse lobo comigo!- disse confiante o porquinho mais velho.
Logo o lobo chegou e tornou a atormentá-los:
__ Porquinhos, porquinhos, deixem-me entrar, é só um pouquinho!
__Pode esperar sentado seu lobo mentiroso.- respondeu o porquinho mais velho.
__ Já que é assim, preparem-se para correr. Essa casa em poucos minutos irá voar! O lobo encheu seus pulmões de ar e soprou a casinha de tijolos que nada sofreu.
Soprou novamente mais forte e nada.
Resolveu então se jogar contra a casa na tentativa de derrubá-la. Mas nada abalava a sólida casa.
O lobo resolveu então voltar para a sua toca e descansar até o dia seguinte.
Os porquinhos assistiram a tudo pela janela do andar superior da casa. Os dois mais novos comemoraram quando perceberam que o lobo foi embora.
__ Calma , não comemorem ainda! Esse lobo é muito esperto, ele não desistirá antes de aprende ruma lição.- Advertiu o porquinho mais velho.
No dia seguinte bem cedo o lobo estava de volta à casa de tijolos. Disfarçado de vendedor de frutas.
__ Quem quer comprar frutas fresquinhas?- gritava o lobo se aproximando da casa de tijolos.
Os dois porquinhos mais novos ficaram com muita vontade de comer maçãs e iam abrir a porta quando o irmão mais velho entrou na frente deles e disse: -__ Nunca passou ninguém vendendo nada por aqui antes, não é suspeito que na manhã seguinte do aparecimento do lobo, surja um vendedor?
Os irmãos acreditaram que era realmente um vendedor, mas resolveram esperar mais um pouco.
O lobo disfarçado bateu novamente na porta e perguntou:
__ Frutas fresquinhas, quem vai querer?
Os porquinhos responderam:
__ Não, obrigado.
O lobo insistiu:
Tome peguem três sem pagar nada, é um presente.
__ Muito obrigado, mas não queremos, temos muitas frutas aqui.
O lobo furioso se revelou:
__ Abram logo, poupo um de vocês!
Os porquinhos nada responderam e ficaram aliviados por não terem caído na mentira do falso vendedor.
De repente ouviram um barulho no teto. O lobo havia encostado uma escada e estava subindo no telhado.
Imediatamente o porquinho mais velho aumentou o fogo da lareira, na qual cozinhavam uma sopa de legumes.
O lobo se jogou dentro da chaminé, na intenção de surpreender os porquinho entrando pela lareira. Foi quando ele caiu bem dentro do caldeirão de sopa fervendo.
___AUUUUUUU!- Uivou o lobo de dor, saiu correndo em disparada em direção à porta e nunca mais foi visto por aquelas terras.
Os três porquinhos, pois, decidiram morar juntos daquele dia em diante. Os mais novos concordaram que precisavam trabalhar além de descansar e brincar.
Pouco tempo depois, a mãe dos porquinhos não agüentando as saudades, foi morar com os filhos.
Todos viveram felizes e em harmonia na linda casinha de tijolos.

Pinóquio

Era uma vez, um senhor chamado Gepeto. Ele era um homem bom, que morava sozinho em uma bela casinha numa vila italiana.
Gepeto era marceneiro, fazia trabalhos incríveis com madeira, brinquedos, móveis e muitos outros objetos. As crianças adoravam os brinquedos de Gepeto.
Apesar de fazer a felicidade das crianças com os brinquedos de madeira, Gepeto sentia-se muito só, e por vezes triste. Ele queria muito ter tido um filho, e assim resolveu construir um amigo de madeira para si.
O boneco ficou muito bonito, tão perfeito que Gepeto entusiasmou-se e deu-lhe o nome de Pinóquio.
Os dias se passaram e Gepeto falava sempre com o Pinóquio, como se este fosse realmente um menino.
Numa noite, a Fada Azul visitou a oficina de Gepeto. Comovida com a solidão do bondoso ancião, resolveu tornar seu sonho em realidade dando vida ao boneco de madeira.
E tocando Pinóquio com a sua varinha mágica disse:
__Te darei o dom da vida, porém para se transformar num menino de verdade deves fazer por merecer . Deve ser sempre bom e verdadeiro como o seu pai, Gepeto.
A fada incumbiu um saltitante e esperto grilo na tarefa de ajudar Pinóquio a reconhecer o certo e o errado, dessa forma poderia se desenvolver mais rápido e alcançar seu almejado sonho: tornar-se um menino de verdade.
No dia seguinte, ao acordar, Gepeto percebeu-se que o seu desejo havia se tornado realidade.
Gepeto, que já amava aquele boneco de madeira como seu filho, agora descobria o prazer de acompanhar suas descobertas, observar sua inocência, compartilhar sua vivacidade. Queria ensinar ao seu filho, tudo o que sabia e retribuir a felicidade que o boneco lhe proporcionava.
Sendo assim, Gepeto resolveu matricular Pinóquio na escola da vila, para que ele pudesse aprender as coisas que os meninos de verdade aprendem, além de fazer amizades.
Pinóquio seguia a caminho da escola todo contente pensando em como deveria ser seu primeiro dia de aula estava ansioso para aprender a ler e escrever.
No caminho porém encontrou dois estranhos que logo foram conversando com ele. Era uma Raposa e um Gato, que ficaram maravilhados ao ver um boneco de madeira falante e pensaram em ganhar dinheiro às custas do mesmo.
__ Não acredito que você vai a escola! Meninos espertos preferem aprender na escola da vida! – falou a Raposa se fazendo de esperta.
_ Vamos Pinóquio, sem desviar do nosso caminho! Gritou o pequeno e responsável grilo.
A Raposa e o Gato começaram a contar que estavam indo assistir ao show do teatro de marionetes. Pinóquio não conseguiu vencer sua curiosidade, para ele tudo era novidade, queria conhecer o teatro divertido, do qual os dois estranhos falavam.
__ Acho até que você poderá trabalhar no teatro, viajar conhecer novas pessoas, ganhar muito dinheiro e comprar coisas para você e para quem você gosta. Continuou a instigar a Raposa.
O pequeno grilo continuou a falar com Pinóquio, mas este estava tão empolgado que nem o escutava mais.
Pinóquio então, seguiu com a Raposa e o Gato, rumo à apresentação do teatro de marionetes, deixando seu amigo grilo para trás.

Contos, fabulas e historinhas: Pinóquio

A Raposa e o Gato venderam o boneco par ao dono do teatro de marionetes.
Pinóquio sem perceber o acontecido atuou na apresentação dos bonecos e fez grande sucesso com o público.
Ao final da apresentação, Pinóquio quis ir embora, porém o dono do teatro vai em Pinóquio a sua chance de ganhar muito dinheiro, sendo assim o trancou numa gaiola.
Pinóquio passou a noite preso, chorando, lembrou do seu pai e teve medo de não vê-lo novamente.
Já estava amanhecendo quando o Grilo enfim, conseguiu encontrar Pinóquio. Mas não o conseguiu libertar da gaiola. Nesse momento, apareceu a Fada Azul que perguntou ao boneco o que havia acontecido.
Pinóquio mentiu, contou que havia se perdido e encontrado o dono do teatro de marionetes, que o prendeu e o obrigou aa trabalhar para ele.
Pinóquio se assustou com o que havia acontecido em seguida.Seu nariz dobrar de tamanho. Assustado, o boneco começou a chorar.
__ Não chore, Pinóquio! disse a Fada Azul abrindo com a sua varinha mágica o cadeado da gaiola. __ Sempre que você mentir seu nariz o denunciará e crescerá. A mentira é algo aparente, é errado e não deve fazer parte de quem possui um bom coração.- Continuou a Fada.
__ Não quero ter esse nariz! Eu falo a verdade! Quis saber como era um teatro de marionetes e sai do meu caminho.Acabei me dando mal.
__ Não minta novamente, Pinóquio! Lembre-se que para ser um menino de verdade, você deve fazer por merecer.- disse a fada , desaparecendo em seguida.
Pinóquio estava voltando para casa com o grilo, quando viu três crianças correndo sorridentes em uma direção oposta à sua.
Como era muito curioso, Pinóquio perguntou a um dos meninos onde ele ia.
__ Estamos indo pegar um barco para a Ilha da Diversão.Lá existe um enorme parque com brinquedos e doces à vontade. Criança lá não estuda.Só se diverte!
Pinóquio achou a idéia de uma ilha como aquela tentadora.Parou no meio do caminho e olhou na direção dos meninos que corriam.
__ Não, Pinóquio! Dúvida, não! O que eles estão fazendo parece bom, divertido, mas é errado.Fazer o que é errado traz más conseqüências. – disse o esperto grilo. Os meninos, já um pouco distantes chamavam Pinóquio para ir junto.
__Ah! Grilo, eu vou só conhecer a ilha,. Não ficarei lá para sempre.- disse o inocente boneco, já correndo em direção aos meninos.
O grilo não concordou, mas seguiu Pinóquio, afinal era responsável por ele.
Pinóquio entro num barco cheio de crianças que ia para a tal ilha.
Ao chegarem na ilha, as crianças correram em direção aos brinquedos. Podia-se brincar à vontade,comer doces o quanto quisessem.
O grilo observava, desapontado, o boneco se divertindo.
A noite chegou, e as crianças exaustas de tanto brincar, dormiram no chão, espalhadas pelo parque. Algumas sentiam dores na barriga de tanto comer doces.
Pinóquio estava quase dormindo, quando o grilo o acordou.
__Pinóquio, o que está acontecendo?
__O que grilo? Estou com sono.Está acontecendo que todos estão dormindo. - disse o boneco sonolento.
_ Não estou falando disso, Pinóquio! Falo das orelhas de vocês! Estão com orelhas... de burro! – disse o grilo preocupado.
Pinóquio despertou e assustado correu em direção a um lago, para ver seu reflexo na água.
Várias crianças já haviam percebido o que estava acontecendo e choravam assustadas.
Pinóquio ficou com m muito medo, pois via que outras crianças já estavam também com rabo de burro.
O grilo chamou o boneco para saírem imediatamente da ilha. Devia ser algum feitiço.Em troca da diversão que tiveram estavam se transformando em burros.
Pinóquio correu em direção a um pequeno barco.Com ele, iam o grilo e outras crianças. Porém, ninguém conseguia dirigir o barco.
Pinóquio, chorando, chamou a fada Azul.
_ Fada Azul, por favor, nos ajude!
A fada apareceu, ficou feliz por Pinóquio pedir ajuda também pelas outras crianças.
Ao perguntar ao boneco o que havia acontecido, a Fada recebeu deste outra mentira. Pinóquio mentiu que havia seguido um menino que ia para a mesma vila que o Gepeto morava e acabaram se perdendo.
No mesmo instante, o nariz do boneco começou a crescer.
Assustado, Pinóquio lembrou do que a fada havia dito e falou a verdade.
Seu nariz voltou ao normal, e a Fada anulou o feitiço que estava fazendo Pinóquio e as outras crianças se transformarem em burros.
Pinóquio seguiu com o grilo em direção à sua casa na vila. Sentia muita saudade do seu pai Gepeto. Estava começando a entender que o seu pai queria sempre o melhor para ele, e o melhor, naquele momento, era a seu lar, a escola e a vila.
Ao chegar em casa, Pinóquio não encontrou Gepeto. Com medo, ficou imaginando que Gepeto poderia ter morrido de tristeza com o seu sumiço. Mas o grilo encontrou um bilhete de Gepeto, pendurado na porta.
No bilhete, Gepeto dizia que ia de barco procurar o seu filho amado.
Pinóquio foi em direção à praia, junto com o grilo.
Chegando lá, não viram nenhum sinal do barco do Gepeto.
Pinóquio ficou sabendo por uns pescadores que um pequeno barco havia sido engolido por uma baleia naquela manhã.
O boneco imediatamente pensou que se tratava de Gepeto e atirou-se ao mar, para procurar a tal baleia.
O grilo foi atrás de Pinóquio. Ambos nadaram bastante até encontrarem uma enorme criatura.
O grilo avisou ao boneco que aquela era uma baleia. Pinóquio se colocou na frente do animal e em poucos segundos foi engolido por ela. O grilo que o acompanhava todo o tempo,também foi engolido.
Ao chegarem no estômago do animal, viram um pequeno barco e Gepeto, triste, cabisbaixo, sentado com as mãos na cabeça.
Ao ver o boneco, Gepeto sorriu e correu ao seu encontro.
Pinóquio abraçou o pai e pediu desculpas por ter agido mal.
__ A única coisa que importa, meu filh,o, é que você está bem. -disse o bondoso velhinho
Pinóquio teve a idéia de fazerem uma fogueira com pedaços de madeira do barco, assim a baleia podia espirrar e atirá-los para fora da sua barriga.
O plano deu certo, e a baleia espirrou o barco onde estavam Gepeto, Pinóquio e o grilo.
Ao chegarem à praia, Pinóquio e Gepeto novamente se abraçaram felizes por ter dado tudo certo.
_ Prometo ser obediente, papai! Não mentir e cumprir meus deveres. –disse o boneco.
Gepeto ficou orgulhoso do filho. Sabia que Pinóquio tinha aprendido valiosas lições.
Nesse momento, a Fada Azul apareceu e sorridente disse ao boneco:
__ Você aprendeu as diferenças entre o bem e o mal. O valor do amor, da lealdade .Tudo o que fazemos tem uma conseqüência, que pode ser boa ou ruim dependendo de como agimos. Por tudo o que você aprendeu e pelo modo como agiu, agora farei de você será um menino de verdade!
Assim, a Fada transformou Pinóquio em um menino de verdade. E este viveu muito feliz com o seu pai, Gepeto, e com o amigo grilo.